Displasia do quadril (DDQ)

O que é a displasia do quadril?

O quadril é a articulação entre a cabeça do fêmur, osso da coxa e a bacia, em uma cavidade chamada de acetábulo. Além disso, a “displasia” é um termo médico para algo que se desenvolve de forma inadequada. É exatamente isso que pode ocorrer, nos mais variados graus, nos quadris de recém-nascidos.

Apesar de ser um problema não tão raro, ele é pouco conhecido, e esse texto tem o intuito de esclarecer dúvidas sobre este problema para que não seja um completo desconhecido ao chegar no consultório médico.

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Como ocorre a formação do quadril?

A divisão entre onde será a cabeça do fêmur e onde será a bacia, acontece na sétima semana de gestação.

Desde então, a cabeça femoral vai tomando a forma esférica, enquanto a conformação mais côncava do acetábulo, onde essa esfera se articula, ocorre mais tardiamente, muitas vezes após o nascimento da criança.

Alguns fatores podem estar diretamente relacionados à ocorrência de displasia.

Quais são os fatores de risco para a displasia de quadril?

Os mais importantes são:
  • Posição intraútero do bebê: é de longe o fator mais importante. As crianças de apresentação pélvica (“sentadas na barriga”), apresentam de 8 a 20 vezes mais risco em relação àquelas cefálicas;
  • Etnia: orientais, por exemplo, têm um maior risco, enquanto negros, de maneira geral, menor;
  • Genética: pacientes com histórico de parentes de primeiro grau com displasia de quadril são mais propensas;
  • Sexual: as meninas têm maior suscetibilidade em relação aos meninos. A presença de receptores aos hormônios maternos e placentários (sobretudo a Relaxina) favorecem um afrouxamento das estruturas capsulares e ligamentares dos quadris.
  • Quantidade de filhos: o primogênito (primeiro filho) está mais exposto ao risco de displasia dos quadris;
  • Lateralidade: provavelmente devido à posição mais frequente contra o sacro (osso em continuação com a coluna) o quadril esquerdo tem maior incidência da doença.
  • Doenças associadas: Alterações da coluna vertebral como mielomeningocele, mielocele e espinha bífida, assim como torcicolo congênito (restrição para movimentos do pescoço) e alterações dos pés, sobretudo o pé metatarso varo, podem estar associados a anormalidades dos quadris.

Como se dá o diagnóstico da displasia de quadril?

O diagnóstico quase sempre é feito após o nascimento, através de exame clínico compatível com displasia. O médico, sendo o mais indicado o ortopedista pediátrico, realiza diversos testes para avaliar a estabilidade dos quadris, verificando se eles estão no lugar e se permanecem assim mesmo após algumas manobras.

Para confirmação, até os 4-5 meses, o exame de escolha é a ultrassonografia, que consegue avaliar e estimar alguma alteração no local por uma técnica conhecida como “método de Graf”. Após essa idade, devido à ossificação da cabeça do fêmur, o exame mais indicado é o raio-X da bacia.

Qual o tratamento da displasia do quadril?

Com relação ao tratamento, é preciso avaliar vários fatores. A idade em que o diagnóstico foi feito e a gravidade da displasia são aspectos que devem ser considerados na hora de iniciar o tratamento. Tendo em vista que, diferentes abordagens podem ser efetivas, de acordo com os fatores analisados.

Durante a infância, pode ser usado órtese, com o objetivo de corrigir os casos mais leves de displasia. Já nos casos mais complexos, é preciso realizar uma interferência cirúrgica. O objetivo do tratamento é centralizar o quadril.

Durante a intervenção cirúrgica, o médico responsável pode usar várias técnicas para corrigir as deformidades existentes. Inclusive, cortar partes dos ossos (osteotomias) para que a correção seja eficiente.

Já no caso de adultos, é preciso que seja analisado se existe a presença de desgaste da cartilagem.

Nos casos mais avançados, pode ser necessário utilizar prótese de quadril. Em geral, por ser uma deformidade o tratamento não cirúrgico pode não ser o suficiente. No entanto, é sempre preciso passar por uma avaliação completa de seu ortopedista.