Síndrome de hipermobilidade articular

O que é Síndrome de hipermobilidade articular?

A síndrome de hipermobilidade, conhecida previamente como “frouxidão ligamentar”, constitui um conjunto de sinais de sintomas clínicos em que o paciente consegue realizar movimentos mais amplos que o normal nas articulações, principalmente mãos, ombros e joelhos. Ela ocorre por alteração na produção de colágeno, e pode estar associada a síndromes nas quais isto ocorre com maior frequência.

O que é colágeno?

O colágeno é uma proteína presente em uma grande quantidade de tecidos, como pele, tendões, ligamentos, cartilagens e ossos. Em pacientes com a síndrome de hipermobilidade articular, ocorre um defeito na produção do colágeno, fazendo com que todos estes tecidos sejam mais distensíveis e permitindo uma maior mobilidade das articulações.

Qual a causa da hipermobilidade articular?

A alteração na produção de colágeno é genética, ou seja, existe uma mutação no gene que codifica essa proteína. É importante salientar que os pais podem ter os genes mas não manifestarem a doença.

Muitos desses genes alterados já são conhecidos há muito tempo, e possuem nomes, como síndrome de Marfan e de Ehlers-Danlos, que se caracterizam ainda por alterações em outros locais, como coração e vasos sanguíneos.

Sabe-se que a sídrome de hipermobilidade benigna, que é o nome dado àqueles casos mais leves e sem diagnóstico preciso, é mais comum em mulheres, e se manifestam mais fortemente antes da idade adulta.

Fig.1: exemplo do fenótipo de paciente com síndrome de Marfan: Note os membros alongados, com maior envergadura em relação ao tronco, dedos mais finos e musculatura pouco desenvolvida.

Quais os sintomas da hipermobilidade articular?

A hipermobilidade pode ser notada em jovens e adolescentes, podendo haver outras alterações durante o processo de crescimento, por exemplo, com assimetria entre os membros e o tronco.

A dor é uma queixa comum nestes pacientes. Alguns estudos mostram que pacientes com aumento da amplitude de movimento estão sujeitos a uma maior incidência de dor ao redor das articulações. As teorias são que isso ocorre tanto pela menor resistência dos tecidos quanto por permitir contato em regiões mais periféricas das articulações (menor propriocepção).

Em alguns casos, a hipermobilidade não apresenta sintomas, contudo, dores no sistema musculoesquelético também podem se desenvolver na adolescência e persistirem até a idade adulta.

Fig. 2: exemplo de movimento anormal realizado por pessoas com hipermobilidade articular.

Diagnóstico e Tratamento da Hipermobilidade Articular

Diagnóstico da hipermobilidade articular

O diagnóstico é realizado através de exame clínico, através do qual procuramos critérios diagnósticos, ou seja, um conjunto de alterações que permita confirmar a presença de hipermobilidade articular – Beighton score.

Quando há suspeita de outras doenças associadas, outros exames podem ser solicitados.

Tratamento da hipermobilidade articular

O tratamento para hipermobilidade se baseia no fortalecimento da musculatura e na prática de atividades supervisionadas e que não sobrecarreguem as articulações hipermóveis.

Não é possível alterar a conformação ou composição dos tecidos através de suplementação com colágeno por exemplo, mas a amplitude de movimento das articulações tende a diminuir com a maturidade esquelética.

Outra importante razão à procura por uma consulta com o ortopedista infantil é a pesquisa por acometimento de outros locais (olhos, coração, vasos sanguíneos) quando suspeito.

Fig. 3: Score de Beighton: Mais do que 6 pontos configuram hipermobilidade